A Importância da Disciplina na Igreja
At 5.1-11

"Toda disciplina, com efeito, no momen­to não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que tem sido por ela exercitados, fruto de justiça" (Hb 12.11).

Na lição desse domingo estudaremos a res­peito da importância da disciplina na igreja. A disciplina é necessária para que haja ordem no Corpo de Cristo. Ela pode ser coerciva como também educativa. Tanto no Antigo como em o Novo Testamento, o Criador sempre disciplinou os seus servos, para que esses vivam em plena comunhão com Ele.
O objetivo da disciplina cristã é proporcionar ao crente uma intimidade profunda com o seu Criador. Além disso, a expressão "disciplina cristã" é utilizada em dois sentidos: práticas espirituais, devocionais, sociais e correção terapêutica. Algumas das primeiras são: a adoração a Deus, leitura diária e sistemática da Bíblia, oração, serviço, mordomia do corpo e dos bens. Quanto à segunda, sendo devidamente administrada, pos­sui um efeito salutar e restaurador. Ela não deve servir para envergonhar, mas para edificar a fé do fraco e daquele que vacilou na caminhada.

Numa igreja descompromissada com a sã doutrina, crentes como Ananias e Safira seriam até homenageados por sua "libera­lidade e altruísmo". Mas numa igreja que prima pelo ensino, não subsistiriam. Haveriam de ser desmascarados, repreendidos e fulminados pelo próprio Deus, pois Ele sonda-nos a mente e o coração. A falta de doutrina, pois, acaba por induzir toda uma congregação à hi­pocrisia e à mentira.

No episódio de Ananias e Safira, Lucas destaca o valor da disciplina na Igreja de Cristo. Por conseguinte, vejamos porque o ensino é imprescindível ao povo de Deus.

I. A DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE

1. Definindo a disciplina. O que é disciplina senão ensino? Mas possui ela também o seu lado grave: a correção (Pv 15.10). Seu objetivo é conscientizar-nos quanto às consequências de nos­sas atitudes (Cl 6.7). A falta de disciplina pode conduzir à morte. Foi o que aconteceu a Ananias e a Safira.

2. A disciplina no Antigo Testamento. Por intermédio de seus profetas, Deus mostra ao seu povo o valor e a imprescindi­bilidade da disciplina (Jó 5.17). Ele requer que todos os seus filhos se­jam ensinados na Lei e nos Profetas (Sl 25.8). A disciplina é tão preciosa quanto à própria vida (Pv 6.23). Eis o que diz Salomão: "O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto" (Pv 12.1).

Nestes tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos coagidos a não aplicar a disciplina aos nossos próprios fi­lhos. É claro que também somos contra os maus tratos impingidos às crianças. Mas que estas têm de ser disciplinadas, não o podemos negar. A recomendação é do próprio Deus: "O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o dis­ciplina" (Pv 13.24). Por que os educadores contrários à educação cristã, ao invés de nos constrange­rem com as suas impropriedades, não saem em defesa das crianças abandonadas e prostituídas que fervilham nossas cidades? É neces­sário e urgente resgatar a infância abandonada e proporcionar-lhe uma vida digna e segura.

3. A disciplina em o Novo Testamento.

SÍMBOLOS DA DISCIPLINA DA VIDA CRISTÃ
Soldado - Como soldados de Cristo ajamos de modo discipli­nado e perseverante, a fim de agradar ao que nos arregimentou para a guerra (2 Tm 2.3-5).
Atleta - No tempo antigo, eram os atletas mais do que discipli­nados. Na conquista de uma coroa de louro, empenha­vam-se além de suas forças (1 Co 9.25).
Agricultor - O agricultor é paciente e disciplinado, pois o cultivo é árduo e estressante. O agricultor prepara a terra, lança a semente, rega, afugenta os predadores e depois colhe os frutos (Jo 4.36).

Embora vivamos sob os termos da Nova Aliança, Deus em nada mudou quanto ao padrão disciplinar de seu povo. Haja vista o Sermão do Monte. Agora, além de o Senhor ratificar o sétimo mandamento, por exemplo, requer tenhamos nós um coração puro (Mt 5.27,28). Por conseguinte, viver sob a lei do Espírito requer uma disciplina ainda maior.

Por quebrarem a disciplina, Ananias e Safira foram severamen­te punidos pelo Senhor. Tanto no Antigo como em o Novo Testamento a disciplina orienta e evita que o erro torne-se repetitivo.

II. A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA

Disposto a dedicar-se inte­gralmente ao cumprimento da Grande Comissão, Barnabé vende a sua propriedade e entrega todo o dinheiro aos apóstolos. Lucas, ao registrar o fato, realça o des­prendimento daquele levita natu­ral da ilha de Chipre, que haveria de prestar relevantes serviços ao Reino de Deus (At 4.36,37).

Ananias e Safira, imitando a Barnabé, também vendem a sua propriedade. Ao contrário deste, o casal retém parte do dinheiro, e repassa o restante aos após­tolos, como se aquele depósito representasse o valor total da propriedade. Eles, porém, seriam desmascarados, repreendidos e mortalmente punidos. Não se pode mentir a Deus.

1. O pecado contra o Espí­rito Santo e a Igreja. O pecado de Ananias e Safira não foi um requinte social como eles supu­nham; constituiu-se numa ofensa contra o Espírito Santo (At 5.9). Ajamos, pois, com muito cuidado, porque o Senhor chamar-nos-á a prestar contas de todas as pala­vras frívolas que proferirmos (Mt 12.36).

Se formos disciplinados na Palavra de Deus, jamais cairemos no erro de Ananias e Safira: men­tira, hipocrisia e roubo. Como vem você agindo? Tem se dado à mentira? Cuidado. Os mentirosos não terão guarida no Reino de Deus (Ap 22.15).

2. Uma oferta como a de Caim. Nossa atitude diante do Senhor é sempre mais importante do que a nossa oferta. Vejamos a história de Abel e Caim. Ambos trouxeram o fruto do seu trabalho a Deus. O primeiro teve a sua ofe­renda aceita, pois justo era o seu coração. Quanto ao segundo, por ser iníquo, foi rejeitado (Gn 4.6,7). Antes de atentar para a oferta, o Senhor contempla o ofertante.

Ananias e Safira poderiam ter vendido a propriedade pelo valor que bem entendesse e haver dado todo o montante, ou parte deste, à Igreja. Pedro deixou-lhes isso bem patente (At 5.4). Mas como o casal, buscando a própria honra, não men­tiram somente a Pedro, mentiram também ao próprio Deus (At 5.3). “disciplina divina tem um propósito positivo. Eia nos é administrada para que participemos da santidade de Deus." Deus observa o coração do ofertante, isto é, a sua verdadeira intenção e não o valor da oferta.

III. O EXTREMO DA DISCIPLINA

Ananias e Safira conheciam muito bem a doutrina dos apóstolos e não ignoravam o Antigo Testamen­to. Nas sinagogas, ouviam sábado após sábado, a leitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Chegaram eles a conhecer a Jesus? É bem pro­vável. Por conseguinte, não foram eles punidos inocentemente. Ao mentirem a Pedro, sabiam estarem ofendendo o Espírito Santo. Eles sabiam que esse pecado era gravíssimo (Mt 12.32).

1. A sentença de morte. Con­frontado pelo apóstolo Pedro, Ananias viu-se desmascarado. Naquele momento, aliás, vê-se ele diante do tribunal divino e do Senhor recebe a sentença pela boca do apóstolo: "Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus" (At 5.3,4).

Informa Lucas que, ouvindo a reprimenda de Pedro, Ananias caiu por terra fulminado. O mesmo aconteceria à sua esposa três horas depois (At 5.10). O casal que contra o Senhor peca unido, unido também perecerá. Não poderiam eles andar no temor e na disciplina divina?

2. A maldição é retirada do arraial dos santos. Se Ananias e Safira não houvessem sido confron­tados e punidos, a Igreja de Cristo, como um todo, sofreria por causa do anátema. Lembra-se do caso de Acã?

"Certamente Acã descobriu que o pecado é uma emoção passa­geira. Houve a emoção de obter alguma coisa secretamente. Ele teve a emoção de conhecer uma coisa que os outros não conheciam. Ele teve a emoção de ser procurado. Finalmente, chegou a emoção de ser o centro das atenções, de ser 'a manchete do dia'. Há pessoas dispostas a trocar suas vidas por essas compensações.

Mas a emoção teve vida curta. O que ele fizera foi logo descober­to por todos. O que ele havia escondido foi rapidamente manifesto a toda a sua nação. Aquilo que ele considerou valioso mostrou-se impotente para ministrar-lhe. Aquilo que ele teve orgulho tornou-se sua vergonha. Sua alegria transformou-se em tristeza. Sua emoção momentânea terminou numa morte violenta. Com ele pereceu tanto aquilo que ele havia roubado quanto o que era legitimamente seu. Ele recebeu o salário do pecado. Ele foi 'sem deixar de si saudades' (2 Cr 21.20).

Este evento evidencia o princípio de que somente aqueles que vivem vidas submissas diante de Deus recebem ajuda do Senhor. Acã recusou-se a se submeter ao plano de Deus. Ele carecia da santidade que daria permanência ao seu programa de vida.

O fato de que 'nenhum de vós vive para si e nenhum morre para si' (Rm 14.7) é ilustrado pela vida de Acã. Um homem pode contaminar uma comunidade tanto para o bem como para o mal. Paulo dá a essa ideia um cuidadoso desenvolvimento em sua carta aos coríntios. Ele conclui: 'De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele' (1 Co 1 2.26).

A vida de Acã também nos ensina que o pecado nunca está oculto aos olhos de Deus. O Senhor sabe o que os olhos veem, o que o coração deseja e o que os dedos manipulam. Ele também sabe dos inúteis esforços do homem de tentar enganá-lo. Mais cedo ou mais tarde, um ser humano deverá encarar seus atos e prestar contas de todos eles.

Outra verdade importante é encontrada no fato de que, assim que o pecado foi expiado, a porta da esperança se abriu. O povo sentiu mais uma vez a segurança de que poderia avançar. Esta ver­dade continua em ação. Aquele que aceita o sacrifício de Cristo pelo pecado imediatamente olha para a vida com esperança e segurança" Comentário Bíblico Beacon.

Quando o pecado é revelado e a liderança não faz uso da disciplina, segundo os padrões bíblicos, toda a igreja sofre debaixo da maldição do pecado. Leia com atenção e temor o capítulo sete de Josué. Tomemos cuidado, pois Deus não mudou. Ele continua o mesmo. Aliás, vejamos esta advertência de Pedro: "Porque já é tempo que comece o julgamen­to pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?" (1 Pe 4.1 7). Deus julga e condena o pe­cado e o remove do meio dos santos.

CONCLUSÃO

"O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão prudentemente se haverá" (Pv 15.5). A disciplina é uma prova de amor. Deus requer que seus filhos andem de conformida­de com a sua Palavra. Se errarmos, Ele certamente disciplinar-nos-á. No entanto, cuidado: Deus não se deixa escarnecer.

Ananias e Safira, simulando uma justiça que não possuíam, mentiram para o próprio Deus. Por isso foram mortalmente pu­nidos. Andemos, pois, no temor do Senhor.

"O delito de Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado com tudo se qui­sesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma menti­ra espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto. Se pensarmos que podemos enganar a Deus, fatal­mente enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam estimular-se mutua­mente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões duvidosas e de signifi­cado duplo em nosso falar".

Bibliografia Claudionor de Andrade

Sinais e Maravilhas na Igreja

Por: Pr. Altair Germano

Os milagres, sinais e maravilhas registrados na Bíblia são reais ou não passam de narrativas mitológicas?

Os milagres, sinais e maravilhas são realidades para serem vivenciadas pela Igreja em pleno século XXI?

Para muitos estas perguntas possuem respostas óbvias, enquanto que para outros são questionáveis.

A DEFINIÇÃO DE “MILAGRE”

É importante iniciar observando algumas definições e considerações clássicas acerca de “milagre”.

Geisler (2010, p. 40) afirma que na perspectiva histórica os teólogos têm definido os milagres de duas maneiras distintas, em sentido rígido ou moderado. Os moderados seguem a linha de Agostinho (354-430), que descreve o milagre como sendo “um prodígio [que] não é contrário à natureza, mas contrário ao nosso conhecimento da natureza” (Cidade de Deus, 21.8). O sentido rígido é creditado àqueles que seguem a linha de Tomás de Aquino, que compreende o milagre como um evento que vai para além dos poderes da natureza e que somente poderia ser produzido por uma força sobrenatural - Deus. (Summa Contra Getiles, Livro 3).

Champlin (2001, p. 266), ao comentar sobre a perspectiva de Agostinho sobre os milagres escreve:

Agostinho argumentava fortemente em prol da naturalidade dos milagres, do ponto de vista de Deus, apesar de parecerem sobrenaturais ou contrários à natureza, do nosso ponto de vista. Deus parece contradizer ou quebrar alguma lei natural, mas ele simplesmente aplica alguma lei superior, anulando outra lei, inferior. Há uma suprema lei na natureza, dentro da qual todos os milagres podem ser ajustados. O argumento filosófico-teológico dessa abordagem é que Deus, que estabeleceu as leis naturais, jamais agiria contrariamente a Si mesmo, quebrando, ocasionalmente, e por motivos especiais, essa lei (Contra Faustum, 26.3).

Referindo-se indiretamente ao pensamento de Tomás de Aquino, Champlin comenta que outros teólogos não percebem problemas no fato de que Deus pode quebrar leis naturais em suas intervenções. Para Champlin esta discussão é fútil, visto que a natureza fragmentar de nosso conhecimento e da ciência não pode chegar a uma definição decente (plena?) do natural, e muito menos do sobrenatural.

Para Strong (2002, p. 185-186):

Milagre é um evento na natureza em si mesmo tão extraordinário e tão coincidente com a profecia ou a determinação de um mestre religioso ou um líder que garante plenamente a convicção da parte dos que o testemunham que Deus o operou com desígnio de certificar que o mestre ou líder foi comissionado por ele.

Em sua Teologia Sistemática, Augustus H. Strong aborda ainda questões relacionadas com a possibilidade do milagre, a probabilidade do milagre, o testemunho necessário para provar um milagre, e força evidencial dos milagres. Recomendo a aquisição e a leitura da obra de Strong.

TERMOS BÍBLICOS PARA MILAGRES

Para vislumbrarmos um quadro completo dos milagres bíblicos, é necessário conhecermos as peculiaridades dos termos empregados para descrever um “milagre” (Geisler (Idem, p. 40-43):

- oth: termo hebraico para “sinal”, usado em (Êx 3.12; 4.1-9, 30, 31; Nm 14.11, 22; Dt 6.22; 26.8; Js 24.17; Sl 105.27; Jr 32.20-21).

- mopheth: termo hebraico para “maravilhas”, para descrever os mesmos eventos que são, em algumas partes das Escrituras chamados de “sinais” (Êx 7.9; Dt 29.5; Sl 78.43; 1 Rs 13.3, 5).

- teras: termo grego para “maravilha”, utilizado dezesseis vezes no NT, geralmente se referindo a milagres (Mt 24.24; Mc 13.22; At 2.19; Jo 4.48; At 2.22, 43; 4.30; 14.3; 15.12; Rm 15.195.12; Hb 2.3, 4). A palavra transmite a ideia de algo que é tremendo e estonteante.

- dunamis: termo grego para “poder”, utilizado para se referir aos milagres de Cristo (Mt 15.38), aos dons espirituais (1 Co 12.10), ao derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, e ao “poder” do evangelho para salvar os pecadores (Rm 1.16). A ênfase da palavra está no aspecto de energização divina que envolve um evento miraculoso.

Segundo Geisler, cada uma das três palavras que se referem a eventos sobrenaturais (sinal, maravilha e poder) envolve um aspecto do milagre: “Um evento incomum (maravilha) que transmite e confirma uma mensagem incomum (sinal) por intermédio de uma habilidade incomum (poder).

O PRÓPOSITO DOS MILAGRES

McDowell e Stewart (1992, p. 93-94) declaram que a história de milagres na Bíblia são sempre para um propósito bem definido e nunca para ostentação. Neste sentido citam a multiplicação dos pães para saciar os famintos (Lc 9.12-27) e a transformação da água em vinho (Jo 2.1-11) na festa de casamento.

Champlin (idem, p. 269) afirma que no relato bíblico da realização de milagres algum problema foi resolvido, algum ato de misericórdia foi estendido, algum ensino foi enfatizado, alguma coisa útil foi realizada. Não acontecia a vã exibição de poder.

Geisler (idem, p. 44) resume os propósitos dos milagres em três:

(1) glorificar a natureza de Deus (Jo 2.11; 11.40);
(2) confirmar as credenciais de certas pessoas na posição de porta-vozes de Deus (At 2.22; Hb 2.3, 4;
(3) propiciar evidências para que haja fé em Deus (Jo 6.2, 14; 20.30, 31).

OBJEÇÕES AOS MILAGRES

Nem todos acreditam em milagres, ou em sua atualidade. MacDowell e Stewart (idem, p. 97) escrevem:

Afirma-se, muitas vezes, que as pessoas que viviam nos tempos bíblicos eram mais simples e supersticiosas que o homem moderno, e podiam ser enganadas para acreditar nas histórias milagrosas encontradas na Bíblia. Hoje declara-se que vivemos numa era científica e que superamos essas superstições, pois desenvolvemos a capacidade intelectual para ver esses milagres como mitos supersticiosos e não como fenômenos paranormais.

Em seu propósito de demitologizar a narrativa bíblica, o teólogo alemão Rudolf Bultmann (1999, p. 95) afirma:

A ideia de milagre como acontecimento miraculoso tornou-se impossível para nós hoje, porque entendemos o processo natural como processo que segue leis, concebendo, portanto, o milagre como ruptura do nexo baseado em leis do processo natural; esta ideia não é mais concebível para nós hoje.

Champlin (idem, p. 266-267) enumera algumas maneiras de tentar explicar os milagres, desfazendo a sua natureza sobrenatural. São Elas:

- Os milagres são excitações da imaginação pupular, podendo ser explicados naturalmente;
- Os milagres são meros comentários parabólicos, fazendo parte de alegorias;
- Os milagres são símbolos ou narrativas contadas para ensinar certas lições acerca de verdades espirituais;
- Os milagres são invenções fraudulentas dos escritores religiosos;
- Os milagres são explicações mitológicas, exagerando ocorrências reais;
- Os milagres são meras ilusões, assim como é a mágica;
- Os milagres são acontecimentos psíquicos, fruto do treinamento da mente (poder mental);
- Os milagres são ilusões mentais fruto da hipnose;

As argumentações contra os milagres que são encontradas nos filósofos, (Spnoza, Hume, etc.) geralmente se fundamentam em perspectivas naturalistas (a natureza como um sistema fechado), e na ideia panteísta (Deus é o universo) acerca de Deus.

OS FALSOS MILAGRES E OS “MILAGREIROS”

Conforme Strong (idem):

[…] só um ato operado por Deus pode, com propriedade, ser chamado de milagre, segue-se que os eventos surpreendentes operados pelos espíritos maus ou por homens através do uso de agentes além do nosso conhecimento não têm direito a esta designação. As Escrituras reconhecem a sua existência, mas chamam de “prodígios de mentira” (2 Ts 2.9).

A possibilidade e a realidade destas ocorrências sobrenaturais servem para mostrar a necessidade de um cuidadoso exame antes de aceitá-las como divinas:

Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Andareis após o SENHOR, vosso Deus, e a ele temereis; guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireis e a ele vos achegareis. (Dt 13.1-4)

Strong lista algumas coisas que podem ajudar na distinção entre o falso e o verdadeiro milagre. São elas:

- A conduta imoral ou a falsa doutrina que o acompanha;
- Por suas características interiores de inanidade (falta de conteúdo, futilidade) e extravagância, com no caso da liquefação do sangue de São Januário, ou nos milagres do Novo Testamento Apócrifo;
- Pela insuficiência de objetivos que se propõem a promover - como no caso de Apolônio de Tiana, ou dos milagres que se dizem acompanhar a publicação das doutrinas da Imaculada Conceição e da infalibilidade papal;
- Por sua falta de evidência substancial - como nos milagres medievais tão raramente atestados pelas testemunhas contemporâneas e desinteressadas;
- Pela negação ou subestima da prévia revelação de que Deus faz de si mesmo na natureza - mostrada pela negligência dos meios comuns como no caso da cura pela fé e da assim chamada Ciência Cristã.

Caminhando junto com os falso milagres estão os obreiros milagreiros, sensação do momento no meio evangélico brasileiro:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7.21-23)

O fenômeno dos obreiros milagreiros possue algumas características próprias, que já extrapolaram os círculos neopentecostais, encontrando guarida nas denominações pentecostais clássicas. Dentre essas características podemos citar:

- A ênfase na glória do apóstolo ou profeta milagreiro, em vez da ênfase na glória de Deus;
- A ênfase no milagre, em vez da ênfase na pregação
- A criatividade dos milagreiros nas mais diversas maneiras e fórmulas de alcançar o milagre;
- O agendamento do milagre com culto, dia e hora marcada;
- O uso do milagre como meio de barganha (2 Rs 5.15-16), para a arrecadação de fundos, de grandes ofertas para o sustento de ministérios, programas de TV e impérios pessoais;

MacArthur (1992, p. 137), em seu livro “O Caos Carismático”, expressa bem a questão, quando afirma que:

O anseio das pessoas por fenômenos misteriosos e admiráveis está em um nível insuperável na história da igreja. Desejosa de testemunhar milagres, muitas pessoas parecem dispostas a crer que quase todas as coisas incomuns são maravilhas celestiais. Isso representa um tremendo perigo para a igreja, porque a Escritura nos adverte que falsos milagres - extremamente críveis - serão um dos principais instrumentos de Satanás nos tempos finais. Jesus disse: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito.” (Mt 24.24-25). Certamente, à luz dessas palavras de nosso Senhor, um tipo de ceticismo sadio, por parte dos cristãos, é bem-vindo.

Mas, ao mesmo tempo, erra gravemente ao afirmar:

Estou convencido de que os milagres, sinais e maravilhas anunciados hoje no movimento carismático não tem qualquer relação com os milagres apostólicos. Estou persuadido, pela Escritura e pela História, de que nada semelhante ao dom de milagres do Novo Testamento (quanto a uma discussão sobre o dom de milagres, ver Capítulo 9) é realizado hoje. O Espírito Santo não tem dado a nenhum cristão de nossos dias dons miraculosos comparáveis aos que foram dados aos apóstolos. […] Ao contrário disso, a maioria dos milagres contemporâneos quase sempre é parcial, gradual ou temporário. Os únicos milagres “instantâneos” são curas que parecem envolver formas de males psicossomáticos. […] Muitos pentecostais e carismáticos falam da restauração do “poder do Espírito Santo segundo o Novo Testamento” por meio do seu movimento. […] Existe a necessidade permanente de que milagres confirmem a revelação divina? Pode alguém, com fé, reivindicar um “milagre” como muitos ensinam? Deus realiza milagres sob demanda? E os fenômenos exaltados hoje como sinais, maravilhas e curas têm alguma semelhança com os milagres realizados por Cristo e pelos apóstolos? A resposta a todas essas perguntas é não. […] Línguas, curas e milagres serviram como sinais para autenticar uma época da nova revelação. Logo que acabou essa época, cessaram os sinais. (idem, p. 141, 145, 152 e 153).

Concordo com MacArthur no sentido de haver os mais diversos abusos, absurdos, falsificações e enganos em torno de milagres na atualidade, inclusive no pentecostalismo clássico. Mas, o seu generalismo pode ser classificado, no mínimo, de extremado. ele chega a afirmar (idem, p. 153) que no Novo Testamento não existe nenhuma ordem para procurarmos milagres. A razão é óbvia, pois os milagres “naturalmente” seguem e acompanham os pregadores da palavra, na vida dos que crêem:

E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. (Mc 16.15-17)

Teria, como afirma Mac Arthur, a época das línguas, curas e milagres acabada? Onde no texto de Marcos isso é evidente? O que falar então do texto abaixo?

Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.(grifo nosso) (At 2.38-39)

É em razão de declarações e perspectivas como estas de MacArthur, que o tema “milagres” precisa ser estudado.

Fico a pensar, que se um cristão na atualidade se aproximasse de MacArthur para testemunhar de um milagre recebido, mesmo diante das evidências irrefutáveis, MacArthur teria que recorrer ao pensamento e argumento de Hume (com as devidas proporções), e dizer que apesar das claras e reais evidências, não se deve acreditar em milagres, simplesmente pelo fato de teologicamente serem inaceitáveis para os dias atuais (com base em sua perspectiva reformada e cessacionista).

Os milagres são uma realidade bíblica e atual.

BIBLIOGRAFIA

BULTMANN, Rudolf. Demitologização: coletâneas e ensaios. São Leopoldo: Sinodal, 1999.

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 5. ed. São Paulo: Hagnos, 2001. v. 4

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. v. 1

MaCARTHUR JR. John. O Caos Carismático. S. José dos Campos: Fiel, 1992.

McDOWELL, Josh; STEWART, Don. Respostas àquelas perguntas: o que os céticos perguntam sobre a fé cristã. 2. ed. São Paulo: Candeia, 1992.

STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. São Paulo: Teológica, 2002. v. 1

Publicado no Blog do Pr. Altair Germano

Glorioso, majestoso e imutável

Jesus é glorioso, majestoso, eterno e imutável. Não há quem seja mais belo ou mais inteligente, nem bondoso, nem mais justo, nem mais gracioso do que o nosso Deus. Vestido de poder, de graça e de equidade; não há quem seja mais magnífico do que o Senhor. Digno de honra, de glória e de majestade. Ele é mais alto, mais intenso e mais profundo. Ele é mais forte, mais imenso e verdadeiro. Ele é melhor, que toda a gente. Ele é maior que o mundo inteiro. Ele é mais lindo do que tudo.

Jesus é lindo e amoroso, e por amar tão mais profundamente, deixou a glória imensa no céu e desceu à terra, fazendo-se humano sofredor, reibaixando-se para servir à criatura e mais ainda quando subiu no monte do Gólgota para morrer na cruz por nós. Deus Pai ama a Jesus, seu Filho, tão inefavelmente, que soberanamente o exaltou, ressuscitando-o de entre os mortos e dando-lhe um nome que é sobre todo o nome e perante o qual todo o joelho se dobrará e toda a língua confessará, que Jesus é o Senhor.

Quem crê nesse... se você crê nesse Jesus tão glorioso, tão lindo, tão sábio, você tem a vida eterna e o encontrará nos céus um dia; você o verá face à face. Mas, se você não crê, o dia da ira de Deus aguarda pacientemente: se você não crê, será condenado. Mas Deus não quer que ninguém se perca; Ele quer que todos venham ao arrependimento e ao conhecimento da verdade. Esse Deus maravilhoso perdoará os teus pecados se você se arrepender e confessá-los a Ele.

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16

João 3:16

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

Quem disse isso foi Jesus Cristo. Quem escutou foi Nicodemos, um mestre de Israel, que fora ter com Jesus de noite. Jesus está dizendo que seu Pai YAWEH deu seu Filho unigênito, quer dizer, Jesus mesmo; para que os que crêem nele não morram, mas tenham a vida eterna. Primeiro, Deus amou o mundo de uma forma imensurável, da qual não sabemos nem a largura, nem a altura, nem a profundidade, porque o amor de Deus excede todo o entendimento. Segundo, Deus agiu, porque amar também é agir. Quem ama prova o seu amor por suas atitudes, e Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores. Você não é simplesmente o que você diz, mas também o que você faz. Terceiro, Deus deu o seu melhor: o único Filho. Quarto, quem crê em Jesus tem a vida eterna, quem não crê não tem a vida eterna. E o que é crer? Com certeza não é simplesmente dizer "Eu creio", "Eu sou cristão" ou "Eu vou à igreja". Crer é confiar e implica em obedecer. Se alguém diz que crê que um remédio lhe curará de uma terrível enfermidade e não tomar o remédio, por acaso essa fé dele será verdadeira? A fé sem obras é morta. Quem crê obedece. Quem prevarica e não persevera na doutrina de Cristo não tem a Deus: quem persevera na doutrina de Cristo tem tanto ao Pai quanto ao Filho. Quinto e último, há apenas dois destinos: ou você vai para o inferno ou para o céu, ou morre ou tem a vida eterna. Creia no Senhor Jesus Cristo!

Escola Dominical - Valor e Importância

Autor: Rev. Josivaldo de França Pereira

Escola Bíblica Dominical
O objetivo deste artigo é chamar a atenção para o valor e importância que devemos dar à escola dominical.

Fundada na Inglaterra pelo missionário Robert Raikes, em 1780, a escola dominical foi uma criação que deu certo. Tão certo que os primeiros missionários que aqui chegaram procuraram organizá-la imediatamente. O casal Robert e Sarah P. Kalley fundou a primeira escola dominical no Brasil em 19 de agosto de 1855. E a escola dominical existe até hoje!

Não é por acaso que a escola dominical existe até hoje. Ela é parte integrante da Igreja do Senhor Jesus Cristo, de quem temos a promessa de que "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). A escola dominical é uma bênção de Deus com características próprias, isto é, por mais que uma pessoa participe dos cultos e das atividades da semana de sua igreja, tem coisa que só será aprendida na escola dominical.

Infelizmente não são poucas as pessoas que fazem opções em detrimento da escola dominical. Será que essas pessoas sabem o quanto estão perdendo? Pense bem: Ausentando-se da escola dominical quem perde as bênçãos de Deus é você.

A Escola Dominical e a Responsabilidade do Aluno

O segredo de uma escola dominical dinâmica e eficaz depende, e muito, do aluno. E como deve ser o aluno da escola dominical? Qual o perfil do aluno ideal? Antes de respondermos essas perguntas, é importante dizer que por aluno ideal não nos referimos, propriamente, a um ser extraordinário: brilhante, gênio, super intelectual. Não, o aluno ideal é antes de tudo uma pessoa bem intencionada. Como assim? Ele é dedicado: Assíduo, pontual, responsável. Vai à escola dominical com prazer e não para dizer simplesmente "estou aqui", "cheguei" ou "agora o superintendente não vai pegar no meu pé". O verdadeiro aluno da escola dominical não pensa assim. Ele faz a lição de casa. Lê a Bíblia e sua revista; anota suas dúvidas e vem disposto a colaborar seriamente na sala de aula.

É lamentável quando o aluno vai à escola dominical sem ter estudado durante a semana; sem sua Bíblia e/ou sem revista. E olha que eu não estou falando dos pequeninos, e sim, de gente grande mesmo! Pode parecer grosseiro de minha parte, mas muitas vezes eu me ponho a pensar: "O que alguém que não leva Bíblia, revista (ou algo semelhante), e que não estuda em casa vai fazer na escola dominical?". Aprender? Duvido! Não se pode aprender quando o básico é menosprezado.

De uma coisa precisamos estar cientes: 50% ou mais do bom desempenho do professor numa sala de aula depende de seus alunos. É o que eu costumo dizer aos meus alunos, sem querer jogar sobre eles a responsabilidade que cabe a mim.

Quando o aluno não se prepara em casa, conforme já mencionamos acima, ele perde a oportunidade de contribuir com algo mais. Contribuindo ganha a classe e o professor também. Muitos dos alunos que ficam calados durante a exposição do professor cometem o erro (para não dizer "pecado") da negligência semanal. É preciso que você aluno reverta esse quadro se porventura está sendo negligente; pois quantas vezes a culpa de uma aula má dada recai sobre o professor quando na realidade o culpado é outro. É claro que o professor tem suas responsabilidades, como veremos adiante, mas nenhum professor, a menos que esteja doido, teria coragem de se colocar diante de uma classe sem que estivesse adequadamente preparado.

Seja professor, ou seja aluno, ambos devem fazer tudo para a glória de Deus.

A Escola Dominical e a Responsabilidade do Professor

O bom professor é aquele que almeja a excelência do ensino e se empenha em alcançá-la. Tem que ser como o apóstolo Paulo exortou: "...o que ensina, esmere-se no fazê-lo" (Rm 12.7). Paulo recomenda àquele que ensina a dedicação total desse ministério. Dedicação que resultará num progresso constante do professor, quer seja em relação à habilidade no ensino e crescimento espiritual de seus alunos; quer seja em relação a sua própria vida cristã.

O professor da escola dominical deve ser o primeiro a viver o que ensina. A classe nunca deve ser subestimada (muito menos a dos pequeninos). Ela saberá se o professor está sendo sincero no que diz. Como também saberá se o professor se preparou adequadamente para a aula. Fazer pesquisas de última hora e preparar a aula às pressas nunca dá certo. Quando o professor não se esforça para fazer o melhor, ele não apenas desrespeita seus alunos como peca contra Deus.

Além de viver o que ensina, o bom professor conhece seus alunos. Ele nunca deve acreditar que basta, por exemplo, pegar a revista e ensinar o que está ali, por melhor que seja o seu trabalho de pesquisa. O professor da escola dominical deve conhecer a sua classe, cada um de seus alunos. É importante que o professor conheça seus alunos, até mesmo para uma transmissão mais natural e eficaz de sua aula.

Quanto ao preparo e a exposição da aula propriamente dito, os editores dos estudos bíblicos Didaquê apresentam sugestões preciosas que ajudarão em muito os professores da escola dominical. Com ligeiras adaptações passo a transcrevê-las:
  • Utilizar sempre a Bíblia como referencial absoluto.
  • Elaborar pesquisas e anotações, buscando noutras fontes subsídios para a complementação das lições.
  • Planejar a ministração das aulas, relacionando-as entre si para que haja coerência e se evite a antecipação da matéria.
  • Evitar o distanciamento do assunto proposto na lição.
  • Dinamizar a aula sem monopolizar a palavra oferecendo respostas prontas.
  • Relacionar as mensagens ao cotidiano dos alunos, desafiando-os a praticar as verdades aprendidas.
  • No final da aula, despertar os alunos quanto ao próximo assunto a ser estudado, mostrando-lhes a possibilidade de aprenderem coisas novas e incentivando-os a estudar durante a semana.
  • Depender sempre da iluminação do Espírito Santo, orando, estudando e colocando-se diante de Deus como instrumento para a instrução de outros.
  • Verificar a transformação na vida dos alunos, a fim de avaliar o êxito de seu trabalho.
Duas coisas, pelo menos, têm levado muita gente a perder o interesse pela escola dominical hoje em dia, ou seja, a falta de criatividade do professor e dinâmica das aulas. Professor: Faça de sua aula algo interessante; seja criativo, gaste tempo nisso. Criatividade e dinamismo são, em boa parte, o segredo do sucesso do professor eficaz.

É necessário que o professor da escola dominical veja seu trabalho como o ministério que Deus lhe deu e que, por isso mesmo, precisa ser realizado da melhor maneira possível. "...o que ensina, esmere-se no fazê-lo" (Rm 12.7).

A Escola Dominical e a Responsabilidade dos Pais

A responsabilidade dos pais crentes com a escola dominical é dupla. Em primeiro lugar, os pais precisam ser assíduos e freqüentes na escola dominical. Os pais que vão somente ao culto vespertino, achando que faltar na escola dominical não tem tanto problema, certamente deixarão de progredir como deveriam na vida cristã. A presença dos pais na escola dominical é imprescindível, pois, afinal de contas, nós pais somos (bem ou mal) modelos para os nossos filhos.

Em segundo lugar, os pais precisam levar seus filhos à escola dominical. Gostaria de dar a esse segundo ponto uma atenção especial, visto que está diretamente relacionado ao anterior. Portanto, vamos entender a coisa da seguinte maneira: por que os pais precisam estar na escola dominical? De um lado, porque todos precisam aprender mais e mais das verdades do Senhor; por outro lado, por causa dos filhos. Perdoe-me a batida na mesma tecla mas isso é importante. Os filhos desejam e precisam ver nos pais a seriedade no trato com a escola dominical. E isso, por si só, deve ser motivo de reflexão para os pais , pois os pais precisam, pela vida e pela palavra, mostrar aos filhos que a escola dominical é um importante veículo de crescimento espiritual.

Geralmente as crianças não apreciam levantar cedo para ir à escola dominical. Boa parte delas já faz isso durante a semana. Porém, os pais devem passar para os filhos que a escola de domingo também é especial por uma série de razões. Erra o pai ou a mãe que acha que não deve levar sua criança à escola dominical, apenas porque ela está cansada por estudar durante a semana, ou porque brincou demais no sábado ou foi dormir tarde por causa daquela festa na igreja. Esse é um tipo de compaixão que não procede. É nessa hora que os pais, amigavelmente, devem mostrar aos filhos que a escola dominical é especial para toda a família.

Lembro-me de um fato ocorrido em uma igreja da qual fui pastor. Quando perguntei a uma irmã porque não trouxe o filho, que na época devia ter cinco anos de idade, ela me respondeu: "Ele não quis vir". Eu não sei como está ou por onde anda aquele que agora é um rapaz. Receio que ele tenha seguido o caminho de seus irmãos mais velhos que abandonaram a igreja porque a mãe comodamente aceitava o fato de que eles não quiseram vir.

Papai e mamãe, levem seus filhos à escola dominical, tenham eles vontade ou não. Cumpram as suas responsabilidades como um dia prometeram a Deus quando levaram seus filhos para serem batizados ou apresentados. Pois, como no caso daquela mãe, amanhã poderá ser tarde de mais para chorar o que podia ser evitado ontem.